sexta-feira, setembro 21, 2007

mais um desafio da blogosfera

a vizinha Maria (http://mariarabodesaia.blogspot.com/) lançou mais um desafio ao conjunto de aldeias que povoam a blogosfera. Eu respondo, porque afinal, já não tenho privacidade e não... mas não se habituem...

Eu quero: um ferrari amarelo e uma casa com piscina e jardim... Se não der fico-me por umas viagens catitas e uma longa estadia na América do Sul. É preciso é paz de espírito!!
Eu tenho: mau feitio (e umas olheiras do piorio)

Eu acho: sempre qualquer coisa. Às vezes acho que o assunto não é da minha competência

Eu odeio: música pimba e a RUC

Eu sinto: saudades da família, dos amigos, do oceano, das francesinhas, dos tempos de faculdade e d'A CABRA, da super bock, de conduzir...

Eu escuto: atentamente o que me dizem (porque posso usar isso em meu favor)

Eu cheiro: muito melhor desde que li "O Perfume"

Eu procuro: o príncipe encantado, montado no cavalo branco; e viagens baratas

Eu arrependo-me: de não ter ido estudar para Itália quando recebi uma bolsa aos 18 anos

Eu amo: algumas pessoas e os abraços que elas me dão

Eu sinto dor: nos pés quando caminho muito... tou "pesada"!!

Eu sinto a falta: de ir a uma boa festa de drum e a um after a seguir e de ressacar o dia seguinte inteirinho, no sofá!

Eu importo-me: com coisas pequenas, às vezes demasiado pequenas

Eu sempre gostei de: escrever, rir e ir à praia

Eu não fico: calada quando devia ficar (ainda ontem um espanhol me chamou "incendiária"... e é verdade!)


Eu acredito: que um dia vou ter uma sorte do caraças para alguma coisa que queira muito!

Eu danço: como uma maluca, no dancefloor, quando estou rodeada de caras amigas e bonitas

Eu canto: música brasileira, Gaiteiros de Lisboa, K's Choice, Ornatos Violeta e Koop

Eu choro: de saudades, de alegria, de medo do futuro... e depois limpo a cara e atiro-me de cabeça ao que vier!

Eu falho: várias vezes e nem sempre me dou ao trabalho de corrigir essas falhas

Eu luto: por um mundo melhor! Que bonito!! eu luto por fazer o meu mundo melhor!

Eu escrevo: postais, mails, cartas, bilhetes, mensagens e comentários em blogs alheios. Escrever era a minha profissão. Agora o blog é onde descarrego essa gonorreia verbal que me vai na cabeça!

Eu ganho: mais paciência a cada dia que passa!

Eu perco: o eléctrico n vezes porque não gosto de correr

Eu nunca: fui ao Brasil... e gostava muito

Eu confundo-me: várias vezes porque a minha vida em inglês/russo/estoniano não é fácil

Eu estou: ansiosa porque vou receber uma SUPER visita em 3 dias e outra em 3 semanas!!

Eu fico feliz: quando falo com certas pessoas, quando recebo uma mensagem ou um postal inesperados, sempre que a minha mãe me liga

Eu tenho esperança: que um dia hei-de conseguir (mas não sei o quê)

Eu preciso: de viajar muito para matar as saudades e sentir feedback de quem eu gosto

Eu deveria: fazer dieta

Eu não gosto: de pepino, pimento, ananás, tomate fresco e funcho. E não gosto que duvidem ou desconfiem de mim (mas aí passo-me, não arrumo para o lado!)

Eu sou: (maluca!!) Liliana Trindade Guimarães, portuguesa, 24 anos, licenciada em jornalismo, voluntária. Miss Lee para os leitores e vários amigos de Coimbra, Lisboa e Tallinn; Lili para a família e alguns amigos de São Jõao da Madeira; Liliana para quem não me conhece; Lee para a generalidade das pessoas conhecidas ou desconhecidas; Liána para o Lipe; Lizocas para o Pedro e a minha prima Ana; "prima" para os meus primos; "mana" para a minha irmã mais nova; Fofozuda para o Bruno e a Maryline; Leezona para a Meriezita; Incondicional para a Brigite. Eu sou o que as pessoas fazem com que eu seja: amiga, ouvinte, chata, perigosa, lembrança, ex, companheira... mas não sou esquizofrénica, tenho múltipla personalidade nem sou bipolar...

resolvido o desafio, lanço-o a quem achar que não há mal nenhum em responder

quarta-feira, setembro 19, 2007

que PRAGA de malucos!!

Ora, aqui a viajante, uma semana depois de ter chegado a Berlim, enfiou-se num autocarro e foi para Praga, República Checa!

E assim começou o meu regresso à Estónia, ou a minha grande aventura de autocarro... dasse!! De Berlim a Praga são 6 horas de distância e eu lá fui ver os miúdos! Quando cheguei à estação do bus, não tinha uma comitiva à minha espera, mas tinha o

apercebi-me cedo que ia andar sozinha, a fazer turismo, em Praga! O Pedro, a Pipa e o Cão são voluntários na capital da checa. E ao contário do que muita gente pensa, os voluntários trabalham!! Ou seja, com o Pedro a trabalhar, a Pipa primeiro a trabalhar, depois ausente no mid-term e o Cão montado na sua nuvem encantada, passei os dias de uma semana sozinha, a vaguear por Praga! Foi do belo, porque me colei a bué de excursões de espanhóis e ingleses para ouvir as explicações sobre o que via. Fui falando com a malta, à noite, entre os copos de cerveja, sobre o que ver e onde ir... o que deu com que me perdesse algumas vezes, mas nada de grave.
No primeiro dia, assim à maluca, mandei-me para a estação de metro onde me parecia ter mais cenas interessants para ver, ou assim me dizia o mapa. E à saída do metro deparo-me logo com isto

que me fez perceber que ia gostar muito de Praga. A visão da ponte mais antiga da cidade e a quantidade de turistas fez-me perceber qe estava no sítio certo! A ponte é fortificada, em ambos lados, com torres (A Torre do Bairro Pequeno, e a Torre da Cidade Velha). Entre as torres, ou seja, ao longo da ponte, há cerca de 30 estátuas de santos, incluíndo o Santo António! Curiosidade que me foi denotada por 3 turistas tugas, meninas do bem, que andavam à procura do santo para sacar umas fotos!

Na praça da cidade velha... muitas das fotos que tenho de Praga tirei-as não sei a quê... e são quase todas ao alto... Como tenho o visor da máquina partido, tenho mais céu que parede, às vezes... enfim
Mas tirei muitas, muitas fotos a casas, edifícios, igrejas, etc. Tudo porque nunca pensei que Praga, tão perto de Berlim, tivesse sobrevivido tão intacta à IIGM. Dos edifícios barrocos, às casa de arte nova, vi muitas praças, cantos e recantos como este

que fascinam qualquer um...

uma igreja, não sei do quê... mas gostei da ousadia dos pináculos das torres que ascendem ao céu. O céu em Praga esteve quase sempre com esta luz manhosa... Pouco sol, mas uma claridade dolorosa, para os meus olhos. Choveu que se fartou, mas não fez muito frio... Sol, que me lembre, só um dia...

só para vos provar que não digo mentiras quanto ao céu... isso e para explicar porque é que em muitos sítios vi Praga descrita como a cidade das mil torres. Eu assim, só de repente, conto 11... Também ouvi dizer que Praga era cidade dourada. E vi muito dourado, sim senhor. Mas quem disse isso numa foi a São Petersburgo num dia de sol... Perigo de cegueira!

À direita o castelo, onde trabalha o Presidente da Répública, mais umas catederais, mais uma ponte (Praga tem bué delas, umas bonitas, outras incríveis, umas normais...) e em último plano a miniatura da Torre Eiffel...

Esta foto foi da minha primeira incursão em Visherad, um monte fortificado da cidade. Adiante já vos digo mais coisas sobre o monte. Para já digo-vos só que esta vista dos telhados de Praga me fez lembrar a vista do meu quarto em Coimbra. Os telhados, o caos, as inclinações. De um outro ponto do monte tive outra visão de Coimbra, deita feita do Paço das Escolas (Via Latina), atrás da estátua do rei, em direcção do fim do rio... E em muitas vielas e personagens, Praga fez-me muito lembrar Coimbra do choupal!

ora aí está! Eu vi bué de esquilos em Praga... e não é que tenha andado muito por parques ou jardins... mas é que eles estão em todo o lado e não me pareceram assim tão medrosos. Até vi um esquilo todo preto, coisa que nunca tinha visto!

este esquilo e esta coruja foram alguns dos animais que vi nos jardins do castelo. Um dia decidi que queria ir lá acima... apanhei um eléctrico manhoso e saí antes dos outros turistas. Dei por mim nuns jardins brutais, muito perto do castelo.

Praga é um mimo!! Andei quase sempre sem mapa... e diga-se que o meu sentido de orientação é quase inexistente, mas nunca me perdi ao ponto de entrar em pânico! Nesta incursão pelo monte que leva ao castelo, tive ainda um guia muito importante: turistas!! À medida que atravessava os jardins, a quantidade de turistas aumentava... "devo estar mesmo perto do castelo"...
E estava mesmo! ao estreitar por uns arbustos

vi a catederal que fica dentro dos perímetros do castelo.
Fiz uma paragenzinha para aliviar a bexiga (no museu não sei do quê) e eis que me deparo com umas torneiras muito fálicas!!

Não curti nada as torneiras, mas deixo aqui o registo para a Cati!
Despois, mais leve, foi só seguir os turistas em direcção à porta do castelo

que me pareceu um bocadinho assustadora, para já não dizer violenta!!!
Bem, o castelo em si, não tem assim nada de especial... é a tal merda: há cenas que vistas ao longe parecem um espectáculo, mas ao perto... o que, ao longe salta à vista é mesmo a catederal do século XIV (o castelo é do século IX)

esta catederal é a maior igreja de todo o país, e digo eu que deve ser o maior edifício gótico-barroco que eu alguma vez vi! Os reis da Boémia estão enterrados lá dentro, assim ao estilo de D.Pedro e D.Inês em Alcobaça. Lá dentro perdi mais de uma hora em pormenores.

das arcadas aos vitrais feitos por artistas modernos (como um de Art Nouveau por Alfons Mucha), a catederal está cheia de pormenores incrívels e tem um órgão de tubos que só de imaginar o som dá arrepios!!
Adiante, ainda dentro do perímetro do castelo há mais umas igrejas e umas cenas catitas, entre elas o museu dos brinquedos

Que os checos são especialistas em brinquedos de madeira, marionetas e afins, eu já sabia. Mas não sabia porquê... agora sei que quando for grande hei-de ir a Praga comprar binquedos para os meus putos. E a dona Pi também lá devia ir, às compras, se quer trabalhar com meninos e meninas...
e do alto da colina do castelo, mais uma vista bem bonita da cidade

Num outro dia meti-me a descobrir mais um monte, desta feita Petrin, perto de casa do Pedro e não muito longe do castelo. Aí vi mais uns esquilos, dei uma voltinha de funicular e vi a bela da Torre Eiffel

é uma torre de observação que tem apenas 60 metros de altura e foi costruída para a exposição do Jubileu (seja lá o que isso for) em 1891. Além desta torre e de mais uns elementos feitos para a mesma exposição, o Parque Petrin tem ainda uma muralha de quase 2 km de comprimento e 4 de altura, conhecida como a Muralha da Fome... reza a lenda que o rei (algures no século XIV) a mandou construir para dar trabalho e comida aos desvalidos da cidade. De um dos pontos mais altos da muralha tem-se mais uma vista incrível para o castelo

o Parque tem ainda duas ou três igrejas, das quais a minha preferida foi esta

toda feita em madeira e trazida, nos anos 20 do século com o mesmo número, de uma aldeia na Ucrânia. Não sei mais sobre a igreja, a não ser que de chama igreja de São Miguel e que a região da Ucrânia de onde foi trazida tem as mesmas cores na bandeira que a República Checa e situa-se a sudeste dos montes Cárpatos...
Ainda, no mesmo parque, mas já no sopé, em frente da rua com o maior número de bares visitados por mim =) está o memorial às víctimas do comunismo.


Este memorial tomou-me algum tempo de reflexão, ajudada pelas palavras do Gonçalo: "Nós nunca vivemos sob um regime comunista", por isso claro que temos uma visão muito diferente (talvez idílica) do que o comunismo significa ou significou. Junto às estátuas há uma placa que diz (em inglês e checo): "O memorial às victímas do comunismo é dedicado a todas as víctimas. Não apenas àqueles que foram presos ou executados, mas também àqueles, cujas vidas foram arruinadas pelo despotismo totalitário." Ora, toma lá e embrulha! Para a próxima vez que pensares que és ou foste comunista ou simpatizante, lembra-te destas palavras!
De volta às minhas voltas pela cidade, tirei um dia para apreciar casas e os seus pormenores. Comecei pelo bairro judeu, onde queria ver o antigo cemitério, mas o preço era um bocado exorbitante... Mas as sinagogas e as casas, são altamente... lá perto

os pormenores de arte nova de certas casas impressionaram-me. E impressionou-me também esta casa cubista

que alberga o museu deste tipo de arte. Eu nunca tinha visto nada tão quadrado... aliás nem sabia que este tipo de arquitectura tinha ganho adeptos em alguma parte do mundo!
parece-me mais normal e frequente ver este tipo de coisa

se bem, que não me diz tanto como a anterior...
Independentemente do que me toca ou não, Praga chamou-me a atenção pela quantidade estúpida de pormenores espalhados por todo o lado

desde este senhor (que não faço ideia de quem seja ou porque esteja ali... se alguém souber, que me conte, por favor!!), às gravuras nas casas, à estátua de uma menina sentada, no topo da universidade, às esculturas dos ofícios dos antigos donos de várias casas (como sendo peixeiros, ferreiros, vendedores de penas de ganso...)... Praga deve ser daquelas cidades em que vale a pena apostar várias vezes. Isto é, acho que vale a pena visitar a cidade mais que uma vez, porque certamente que se descobrirão coisas novas, pequenas e bonitas a cada visita, em cada esquina!
outro pormenor de andar sozinha em Praga...

esta é a única foto que tenho da minha bela tromba... a única prova que estive lá! Foi tirada pela Theresa dos cabelos ruivos! (é só um aparte...)
e de volta à arquitectura...

é daquelas cenas que não sei se goste ou se não goste! o prédio é catita, mas no meio da paisagem circundante é uma aberração! Chama-se Fred and Ginger (Fred Astaire e Ginger Rogers) porque é suposto lembrar um casal de dançarinos. E por isso é conhecida como Dancing house. Os arquitectos são um checo nascido na croácia e um canadiano nascido no Canadá (Vlado Milunić e Frank Gehry, respectivamente) preencheram um espaço, junto ao rio, que as bombas de 1945 deixaram livre. O edifício de 1996 não combina lá muito bem com as fachadas da rua que se pautam em estilo Neo-Barroco, Neo-Gótico e de Arte Nova... Senão vejamos

que vos parece? mas se calhar é exactamente pelo contraste, do velho com o novo, no branco com o cinza... se calhar é isso que faz da casa dançante essa coisa tão fofa!!
Mais adiante, na mesma rua, mais um belo postal do castelo e da tal ponte das mil estátuas!

No meu último dia em Praga voltei ao monte de Visehrad. Diz-se que foi ali que uma princesa teve a visão premonitória que se iria concretizar na edificação de Praga. O facto é que além das fortificações, umas ruínas, umas estátuas e umas rotundas... neste monte fica a bela da igreja de São Pedro e São Paulo

E o cemitério onde estão enterrados os checos mais famosos de todos os tempos. É a última morada do compositor Antonín Dvořák, do Nobel Jaroslav Heyrovský, do artista Alfons Mucha e do escritor Jan Neruda. Dados as inúmeras campas de músicos, escultores, actores, pintores, escritores, etc, o cemitério de Vyšehrad tem esculturas e pinturas incríveis a cada esquina

e foi assim, a minha vida em Praga... o que vi e o que não vi! Mas do que mais gostei foi das pessoas. Não dos checos... que os poucos que conheci tinham uma pinta de malucos... mas dos tugas que fui ver e do tuga que vi como bónus! Fui ver o Pedro, a Pipa e o Cão, não necessariamente por esta ordem, nem com a mesma urgência. O Cão e a sua nuvem encatada, vi-os poucas vezes... A Pipa, a meio da minha estadia foi recambiada para o mid-term, o que não me deu o tempo que gostaria de ter passado com ela. Mas tive o tempo suficiente para ver o projecto dela, que me pareceu super interessante. É um trabalho de escritório numa associação ambiental que está sediada numa quinta ecológica, a uma hora do centro de Praga. O trabalho de escritório suponho que seja igual em todo o tipo de office, em todo o lugar do mundo: uma seca fodida!! (mesmo que se trate de trabalhar para um objectivo bom e bonito ou se fazer uma cena que a malta curte...) Mas a quinta é que me pareceu muito bem. Nos subúrbios, permite a muitas criancinhas estudar na escola que integra (logo, com um programa escolar de vertente eco-ambiental). Tem uma área considerável (que é aquela palavra bonita que se usa quando não se sabe quantificar algo!) animaizinhos, plantações de uma certa erva (para fazer tecidos, claro!), um pântano, um hostel... bem, parece-me então que há uma quantidade de coisas que se podem fazer ali! Pronto e parece-me bem, porque além da escola e dos vários escritórios de organizções ali sediadas, a quinta alberga uns quantos voluntários, uma sauna suada e uns festivals de folk (que eu bem vi!). Fiquei feliz por saber que a Pipa está num sítio que na Primavera e no Verão deve ser muito bonito!
E o shôr Pedro, que também trabalha num office, mas no centro da cidade lá deu umas voltas comigo na cidade, especialmente à noite, lá tratou de arranjar uns birls e proporcionar-me umas belas "discusões" num português vernáculo! É verdade, nós curtimos aqueles arranca-rabos que não fazem mal a ninguém. E quem lê estes blogs (este e o tuganacheca) já se apercebeu disso e de que a malta, apesar dos palavrões, curte-se!
Foram estas três almas que me fizeram ir a Praga. Mas, no segundo dia diz-me o Pedro: "Já estive com o Gonçalo"... e até me caiu tudo. Eu sabia que ele ia para a Checa fazer ERASMUS, mas não sabia que ia na mesma altura em que eu lá estava e muito menos que nos íamos encontrar! Foi uma agradável surpresa! E antes que desse conta estávamos os 4 (eu, a Pipa, o Cão e o Gonçalo), num qualquer bar, a beber uns finos, e a discutir política e filmes e livros e merdas, tal como se estivéssemos em Coimbra! Claro que não estávamos sozinhos. O Pedro e os amigos também lá estavam, mas acho que acabámos por espantar toda a gente. Estávamos os 4 a um canto, a falar em português sobre dúzias de pessoas que mais ninguém ali conhecia e acabámos por ficar sozinhos... Lá se foram todos embora e nós ficámos, como se estivessemos no 48, na Rosete, no Tropical, no Gil Vicente, nos jardins da AAC... Foi talvez o melhor momento das minhas férias! Claro que faltou ali muita gente, que faz parte dos cenários acima referidos, mas, para mim, foi suficiente para me sentir em casa, para sentir o abraço quente de voltar a casa!
E pronto houve ainda a noite da bacalhoada, em que a malta demolhou e cozinhou bacalhau à Gomes de Sá enquanto o diabo esfrega um olho, para delícia dos convivas!Esses convivas eram outros voluntários, o que me leva a partilhar algumas reflexões convosco. Esta semana em Praga serviu também para eu medir o tipo de relacionamento entre voluntários em distintos pontos da Europa. Tomei como referência a malta em Praga e a malta (que já foi embora, mais eu e o Thomas) em Tallinn. E só confirmei aquilo que já há muito me tinha apercebido: o meu grupo de amigos em Tallinn era uma máquina!! Em Tallinn, posso dizer que tínhamos uma verdadeira equipa, de trabalho, diversão e cozinha. Uma turma que andava sempre junta, com alto espírito de iniciativa! e que saudades tenho dessa equipa! Em Praga, vi grupos pequenos de voluntários, alguns ex-voluntários que vivem no país, com vidas muito independentes. Não que isso seja mau, claro que não. Mas... não sei... uma cena que curti nos voluntários em Praga é que têm mais amigos checos do que nós estonianos. E falam checo entre voluntários, ou pelo menos tentam! Tiro-lhes o chapéu, sinceramente!
é assim... gostei muito de Praga, da cidade em si e de rever os amigos. De lá queria seguir para Vilnius, mas os bus estavam todos cheios... então meti-me num que, dez horas depois, me deixou em Varsóvia... cenas do próximo episódio já a seguir...

entre a porta de minha casa e a porta do meu quarto


É uma casa de gajas, com certeza!!

terça-feira, setembro 18, 2007

Berlim pim pim

ora então, começemos o relato das viagens deste "Verão". Depois de trabalhar o Verão inteiro, Agosto incluído (algo inédito na minha curta vida), meti-me num belo avião cor de laranja e aterrei em Berlim! Eu sempre tive bué de curiosidade em visitar a Alemanha, o país em que parece que tudo funciona, a mais forte economia da União, etc.

E quando me meti nesta aventura do voluntariado era para a Alemanha que queria ir, para melhorar a língua... vim para a Estónia, mas não é por isso que deixei de ir a Berlim!
então, benvindos à reportagem fotográfica sobre Berlim

Uma das primeiras cenas que tratei de fazer foi procurar a

onde a Xana (ex ERASMUS em Tallinn) me disse que podia encontrar o belo do pastel de nata, acompanhado por um cafézinho Delta. E assim foi, mesmo no centro da cidade

depois, como qualquer bom turista, siga para essa parede, marco da história que se vê em Berlim em todos os guindastes e igrejas arruinadas

ora, eu quando cheguei ao aeroporto tinha esta bela comitiva à minha espera! A Doro (quase a cair), a Barbara (com ar de matadora) e a Laura (sentada no chão) foram voluntárias na Estónia. O moço a segurar a Doro é o namorado dela e o outro é o Robert, ex-ERASMUS aqui em Tallinn. Fiquei 3 dias em casa dele e 3 em casa da Laura! E viva a hospitalidade alemã, muito fixe!
Depois fomos ver o oposto do muro, o centro do modernismo, o Sony centre onde figura esta belissima girafa feita em LEGO
que me fez lembrar as minhas incursões infantis por esse mundo de construções. Claro que nunca consegui construir nadinha de jeito, se calhar é por isso que não sou arquitecta!
Enfim, esse Sony Centre, no coração da cidade, além de ser uma enorme centro comercial sem paredes, tem um tecto que eu curti

assim em forma de guarda chuva de aço e vidro!
Claro que a ida ao Sony Centre não foi um destino turistico. O destino era a nova galeria nacional, grátis às quintas feiras. Mas como de momento a galeria acolhe uma exibição de arte francesa que veio de Nova Iorque (onde estão as peças da galeria) a entrada já não era gratuita... e a malta voltou para trás! Fomos ao memorial aos Judeus mortos em toda a Europa, que estava fechado...

os não sei quantos blocos de cimento todos alinhados, com alturas diferentes não representam nada em especial. É suposto o visitante sentir (segundo os arquitectos) e não compreender! Claro que quando lá chegámos estava fechado... mas voltámos lá noutro dia e passámos umas horas a aprender a história dos judeus assassinados em todo o continente europeu. Aprendi que na Lituânia morreram quase tantas pessoas como na Alemanha e que Portugal não figura de nenhum mapa naquele memorial. O Memorial tem uma sala de nomes, uma de famílias e uma barra cronológica impressionante. Fiquei a saber um bocado mais duma história que parece ter passado ao lado da memória portuguesa! Tudo o que nos ensinam na escola é que Portugal foi um pais neutro na IIGM, que recebeu muitos judeus refugiados (pelas mãos de Aristides Sousa Mendes) e ouro Nazi. Ensinam-nos que Salazar era muito próximo dos outros líderes fascistas, mas que estava mais interessado em Franco do que em Hitler. Ensinam-no que no final da IIGM milhares de tugas emigraram para ajudar a reconstruir a Europa destruída... e é só! Ou isso ou eu tenho uma memória de merda! Acho que as jovens gerações de alemães que aprendem na escola o epicentro da história são mais tolerantes e conscientes do que eu.
E do memorial às portas de Bradenburgo é só virar uma esquina ou duas

e aí fica o registo dos berlinenses junto do marco da sua cidade.
Um novo dia, e começámos o passeio pela sinagoga velha

e pela nova e depois Tacheles, esse espaço artistico-degradado! É talvez um dos marcos mais característicos de Berlim: um grupo de artistas toma de assalto um prédio devoluto e torna-o em espaço de producação, exposição e venda de arte.
Claro que não se pode fotografar os artistas ou as peças, mas no vão das escadas esta miúda é fotogénica

e os cafés no rés do chão são aprazíveis... e deve dar grandes festarolas, parece-me

apesar de aqui não vos mostrar muitas fotos da torre da televisão, ela estava sempre lá, ao perto ao longe, só a bola, só a antena... um dia até perguntei à Laura "are you sure you only have one tower?? It is everywhere!" Mas saquei-lhe umas fotos bem catitas, de baixo, de frente, em reflexo, do reflexo do reflexo... enfim!
Houve um dia que fomos a Potsdam, uma cidade pequenina, com 150 mil habitantes, mesmo às portas de Berlim. É lá que estuda o Robert

exactamente aqui!! Em tempos, Potsdam foi a residência dos reis da Prússia. Tem não sei quantos lagos e jardins, castelos e cenas bem catitas! É um dos mais importantes centros universitários da Alemanha e a área com mais elementos Património Mundial da UNESCO em todo o país. Foi aqui que Stalin, Truman e Churchil se sentaram à mesma mesa, em 1945, para decidir como administrar a Alemanha que se tinha rendido dois meses antes, no final da guerra.

claro que toda a história tem uma parte engraçada... ou nem por isso!
de volta ao centro de Berlim, aí está a bela da igreja, ou melhor, o que resta dela!!

destruída graças a bombardeamentos aéreos durante a II GM, esta igreja foi deixada assim, não foi reconstruída e é hoje um memorial! Uma das cenas que em apercebi é que este edifício é dos poucos que não está em (re)construção. Pelo resto da cidade há guindastes e gruas em todas as esquinas. Fazem parte da paisagem da cidade as (re)construções de novos ou velhos edifícios. E parece tudo tão novo, tão bem tratado, tão pensado! A cidade funciona super bem, sem caos urbanístico ou complicações no trânsito, com um sistema de transportes públicos estupidamente eficaz e mais bicicletas que motas! É fixe andar na rua em Berlim!
Claro que nem tudo foi destruído e há alguns edifícios antigos que resistiram e ainda hoje hostentam os buracos das balas nas suas paredes. É o caso deste museu

na ilha dos museus, onde eu vi um autocarro português!! E vi uma feira de velharias onde, encontrei um exemplar muito antigo d'"A Relíquia", em alemão. Um belo presente para o Robert, aficcionado da leitura e senhor de um humor muito particular. Acho que as piadas do Eça lhe vão cair muito bem!

De novo a torre, e o céu mais ou menos azul de Berlim... por acaso as duas semanas e tal de férias foram marcadas pela chuva, às vezes pelo frio...


os famosos sinais de trânsito para transeuntes da antiga Alemanha Oriental. São super catitas!
E uma coisa gira que eu descobri, no sítio onde costumam andar as meninas lá do sítio, foi este belo café. É que nem de propósito!

só me questiono sobre o tipo de atributos das empregadas de mesa...
Houve um dia que fomos ao interior do Reichstag (http://en.wikipedia.org/wiki/Reichstag_building), esse grande edifício onde trabalha o parlamento alemão. O edifício foi parcialmente destruído por causa de um fogo em 1933 e até 56 ficou à mercê de todo o tipo de atentados... (Note-se que Hilter nunca lá sentou o cu!) foi reconstruído entre 61 e 64 e até 1990 foi apenas usado para reuniões esporádicas. Em Outubro de 90 a cerimónia oficial de reunificação da Alemanha foi levada a cabo neste edifício e em 91 decidiu-se que o governo e o Parlamento devia regressar a Berlim (de Bona) e trabalhar neste edifício. No ano seguinte Norman Foster (http://en.wikipedia.org/wiki/Norman_Foster%2C_Baron_Foster_of_Thames_Bank) ganhou o concurso de reconstrução do edifício. E eis que o inglês lhe adiciou esta cúpula

numa "tentativa" de recriar a cúpula original do século XIX e de onde se tem uma vista fantástica de Berlim. Os trabalhos de reconstrução terminaram em 99 e desde então é aqui que trabalha o parlamento alemão. Dentro da cúpula de vidro tem um escudo com um sistema de detecção e bloqueio da luz solar directa que pode cegar quem está em baixo da cúpula, já que esta ilumina a principal sala de trabalhos do parlamento...

mas nós não vimos a espiral de espelhos a funcionar, porque estava a chover, não havia lá grande sol...
Mas quando saímos já o tempo estava melhor. E o céu azul combina melhor com o vidro e o aço do que as nuvens

e em Berlim, o vidro e o aço estão na moda... Este é o edifício da principal estação de comboios da cidade, a maior (em dois pisos) da Europa. (http://en.wikipedia.org/wiki/Berlin_Hauptbahnhof) a segunda foto deste relato foi tirada dentro da estação, no andar de cima!
deixo-vos com uma das minhas fotos preferidas de Berlim

do Allied Check Point Charlie (http://en.wikipedia.org/wiki/Check_point_charlie), ponto de controlo dos aliados onde ainda hoje se mantém uma bandeira americana. Em frente da cabine onde se checkavam os passaportes tem esta fotografia de um soldado soviético e do outro lado figura um soldado americano. Ao lado está um painel que de um lado diz "You are leaving the american sector" e do outro "You are entering the amerian sector. Carryin weapons off dutty forbidden. Obey traffic rules"! Muito bom!! Na rua que vai dar aonde antes estava o muro, há agora um enorme mural com as histórias da II Guerra Mundial e da Guerra Fria, com imensas fotos daquele mesmo sítio, apenas com personagens muito diferentes!

and last, but not the least, o símbolo de Berlim: esses belos ursos!!
Eu adorei Berlim, e nada do que possa escrever ou mostrar aqui será suficiente! Não me guiei por nenhum critério em espefício para a escolha destas fotos. Tenho algumas bem mais exemplificativas das coisas brutais que vi em Berlim, e no entanto, não em sinto impelida a publicá-las. Vi ainda uma exposição de diferentes tipos de relva de uma alucinada americana e uma fantástica exposição sobre Anne Frank. Esta última tocou-me particularmente pela conexão feita aos dizeres de adolescentes, judeus, filhos de imigrantes ou naturais de Berlim, da actualidade. A exposição feita mais por vídeos, fotos e elementos audio requer mais do visitante uma postura alerta do que uma atitude passiva do observador de um museu. Vi mais um milhar de coisas e bares e restaurantes baratos que não merecem qualquer tipo de registo a não ser na minha cabeça! Mas, o que eu mais gostei em Berlim foi de sentir que estava de volta a uma cidade NORMAL, onde eu não sou mais escura do que 90 % da população e onde as barbies andam de mãos dadas com os punks, onde há freaks com cães, como eu já não via há muito!! Gostei da rapidez com que tudo se faz e se come e se compra e se ve e se anda. Gostei das lojas de design e dos sapatos da malta na rua. Gostei do sistema de transportes e das pessoas a sorrirem na rua, gratuitamente. Gostei de não ser capaz e reconhecer estrangeiros e de ouvir falar N línguas, poder escolher que tipo de comida quero para o jantar... puff CURTI BUÉ BERLIM!!