terça-feira, junho 28, 2011

os bichos II e Babel II (apesar de oficialmente não ter existido I de nenhum)

é só para que fique aqui registado o dia, para mais tarde eu recordar.

hoje vi um escorpião! bem sei que para muitos não será grande coisa, de facto, ele nem era assim grande. mas aqui para a city girl a viver na ilha foi do caralho!!! a minha companheira de casa já me tinha dito que tinha visto "um bicho preto com uns cornos, que parecia mesmo um escorpião". claro que desvalorizei e achei que ela estava a falar de uma bicha cadela de proporções anormais. na minha cabeça, escorpiões são coisas que só se vêm em dois sítios: ou no deserto ou naqueles programas com o David Attenborough que passam na televisão ao fim de semana antes do almoço!
a partir de hoje, para mim, há três sítios a saber, Córsega incluída!
escusado será dizer qual foi o destino do animal, sob pena de ferir as suscetibilidades dos amigos bios e demais eco freaks! o meu movimento foi tão rápido que só pensei depois. é que além de estar numa casa gigante que me deu um trabalhão a limpar, o bicho estava no mesmo espaço onde agora habitam 3 crianças, uma das quais ainda nem palra!!

a propósito dessa casa: eu vivo em França e como tal tento falar francês (e acabo mesmo por conseguir). trabalho com uma italiana que não fala francês e como tal, é em italiano/ilanianês que nos entendemos. e nessa casa, mora, por ora, uma família francesa que reside habitualmente na Suíça. a cunhada da dona da casa é half american half english, graças ao universo!! e então posso falar com ela em inglês, o que é uma benesse quando as coisas têm que ficar bem entendidas! e eis que para ela trabalha uma baby sitter sul-americana que fala castelhano. finalmente, ela (a baby sitter) diz-me: "podes falar português. eu moro em Genebra, e lá o meu namorado é português. ele só fala português, eu só falo castelhano, mas lá entendemo-nos". e eu penso: "porra! eu não falo francês e tento, não falo italiano e tento, agradeço poder falar inglês e espanhol e tu ainda queres que eu fale português?!" claro que só me ocorreu praguejar em russo, estoniano e alemão!

terça-feira, junho 21, 2011

choque cultural - Córsega take I

uma das primeiras coisas que reparei, aqui no sul da Córsega, foi na escassez de ecopontos! como diz a Sara, eu não sou eco-freak, mas quase!! no que toca a reciclagem... digamos que na minha casa portuguesa eu separava até os envelopes onde os sacos de chá vêm acondicionados...
felizmente, pensei eu, aqui na minha rua há um ecoponto, com dois contentores por cada uma das três cores. e então peguei em dois caixotes e fiz uma mini reciclagem na varanda. fixe!
hoje fui despejar os caixotes e quase que tinha um ataque cardíaco! que atraso de vida, senhora França!! no papel só se podem meter jornais, revistas e folhetos de publicidade... bem que fiquei com uma quantidade jeitosa de finitos rolos de papel sem saber o que lhe fazer! e o cartão it self? não pode ir para reciclar porquê?? e o que é que eu faço com as embalagens das bolachas?!
antes de desesperar, olhei para o eco ponto amarelo. dois choques num só! no amarelo entram as embalagens. as metálicas, as plásticas e as de papel... (nasceu-me uma gota na testa como se eu fosse uma animação) mas não entram sacos de plástico!!! tipo, o plástico mais poluente de todos e que está em exagero neste planeta não pode ir para reciclar!!! passei-me!
e afinal, onde raios vou meter os rolos de papel higiénico que já não têm papel?

segunda-feira, junho 20, 2011

1º dia de trabalho

comecei hoje no duro e a sério nas limpezas. mas isso não é o que me chateia. o que me incomoda mesmo é que casas que estão fechadas hace tiempo torna-se habitat para todo o tipo de bichos!! e para que se perceba a dimensão da coisa e dos bichos de que eu falava no post da praia, vejam só quem é que se alimenta deles:
oh pah... lagartos há muitos e eu tenho visto vários. alguns são tão coloridos que até já giros. mas isso é quando são lagartos tipo sardoniscas, sardõezitos que fogem ao mínimo barulho. mas crocodilos disfarçados de osgas, ta que pariu!! que susto apanhei!
noutra portada, mais uma caralhada soltada aos quatro ventos:

eu de noite bem as ouço coaxar. há sítios em que são quase ensurdecedoras. mas nunca pensei que fossem assim tão mínimas e imóveis e destemidas! que nervos! espero que amanhã quando voltar à casa já possa limpar a portada sem me assustar!
entretanto matei tantas, mas tantas aranhas... matei, não, aspirei! é inacreditável o trabalho delas e eu peço desculpa à natureza por estar a desfazê-lo. mas porra! se não desfaço o trabalho delas, desfazem elas o meu!!
lições do dia:
  1. cuidadinho a abrir portadas!
  2. antes de ires aos cantos, manda o aspirador desfazer as teias de aranha!
  3. afasta-te das formigas de cabeça vermelha
  4. se a tua colega só fala italiano, aproveita! aprende e desenvolve :)

domingo, junho 19, 2011

bienvenue en Corse II

ora então falava eu de praia, não era?!
estando numa ilha é fácil estar perto da praia, claro. eu cá vivo a três km desta praia

St Cyprien é linda, sim. mas já vi, em postais, outras aqui bem perto e tão ou mais bonitas. ainda não tive foi tempo (e um mapa) para ir à descoberta.

a costa aqui deste lado do sul da Córsega parece-me ter sido recortada com uma daquela tesourinhas pequenas e arredondadas. são baías atrás de baías, com enseadas e lagoas marítimas escondidas. não há areal a perder de vista, não. há antes um mar com umas cores onde é fácil a vista se perder. seja como for, acho a praia estranha. a água é quente e não tem ondas! que não seja mal interpretada, não me estou a queixar. estou apenas a partilhar as minhas constatações. eu gosto de ondas, de ter que lutar com elas, de ter que manter sempre o olho aberto e nunca virar as costas ao mar. gosto de entrar na água e sentir os ossos a estalarem de frio, a temperatura do corpo a baixar, os poros a contraírem-se num arrepio. aqui não há disso. o que há são polvos, medusas e cardumes de mini peixes a nadarem ao meu lado, por entre as estrelas do mar, os ouriços e de mais coisas que não sei identificar. há uma transparência incrível da água que, mesmo que ela me dê pelo pescoço, me permite ver a cor com que pintei as unhas dos pés sem os levantar da areia. às vezes até penso que preferia que a água fosse um nadinha mais turva, só para não ver as coisas que me roçam as pernas!!
e a propósito da falta de ondas, diga-se que falta também (e consequentemente), aquele barulhinho de fundo tão próprio das praias de oceano. o marulhar é uma coisa que aqui não existe senão quando algum barco ou jet ski passa mais perto da areia. e isso sim é muito estranho: chegar à praia e ouvir o silêncio, apenas interrompido pelas crianças que deliram na água. a temperatura e a calma das águas daqui proporcionam um playground brutal para os mais novos, ao mesmo tempo que dão o merecido descanso aos progenitores! (mas isso daria todo um outro post)
a posição do sol é outra coisa que ainda me causa alguma estranheza também. aqui deste lado, o sol põe-se na montanha. ou seja, para estar na praia deitada a jeito de apanhar sol uniformemente, é preciso estar de cabeça virada para baixo, para o mar. e isso é um nadinha ackward!
outra coisa que me irrita solenemente são os bichos!! sim, esta é a ilha da beleza (não fui eu que dei o nome, é mesmo assim), mas também é a ilha dos bichos! e na praia... haja paciência! anteontem fui picada por inúmeras formigas pretas de cabeça vermelha! oh yeah!! estava eu a dormitar o justo sono da guerreira... quando fui acordada por umas picadelas e comichões que me atiraram logo para a água! quando regressei à toalha reparei que tinha matado várias formigas durante o sono, mas nem assim, as vivas desistiram. não acabou aqui! uma carocha voadora veio contra a minha cabeça duas ou três vezes (devem ser os bichos mais burros que moram aqui na ilha!). quando pensei que já a tinha enxotado, passei as mãos no cabelo para o prender e lá estava ela, morta, enleada nos meus longos cabelos queimados!! é dispensável quanto embaraçoso descrever a minha reação...
mais uma banhoca e mais uma mini sesta, lá me preparo eu para voltar a prender o cabelo. e lá está outra carocha presa no dito cujo! se não tivesse enterrado a outra que estava morta teria julgado que ela tinha voltado à vida só para me moer a paciência! que nojo, porra!
como se não bastasse, há também uns micro pontos pretos voadores que me adoram! eu devo ter uma pele ou um sangue ou ambos muito bons para a saúde destes insetos. não sei o que são, nunca tinha visto. são mínimos, mas dão cada ferradela digna de uma carraça bem gorda!
mas pronto, já percebi o truque: manter a toalha o mais perto da água possível e estar nela o menor tempo possível!

sábado, junho 18, 2011

bienvenue en Corse

cheguei há Córsega há precisamente 2 semanas. impõe-se que aqui escreva, tanto para manter o meu registo pessoal atualizado, como para dar de beber aos poucos, mas ávidos leitores leais.

a viagem foi terrível, mas tranquila. correu tudo como o planeado, mas é uma grande seca fazer quase 1500 km sozinha! vi paisagens brutais, como na fronteira entre Espanha e França (Irún) e estações de serviço horrorosas (como quase todas as espanholas onde parei). quase não falei durante um dia inteiro, mas parei a cada duas/três horas e dormi algures em Espanha, muito perto da fronteira. pedi à minha mãe que estivesse sempre comigo. ela que, tenho a certeza, não aprovaria jamais esta forma de migrar, acho que me ajudou a não adormecer. claro que foi ajudada pela memória daquela música do Graciano Saga que conta a história do emigrante que morre na estrada! sempre alerta, Lee!!

um dos melhores momentos foi o pequeno almoço aqui
numa estação de serviço toda catita, com vista para os Alpes! o resto da viagem foi uma pressa de chegar a Marselha, sempre a dar de frente com placas "Barcelone"! ui que vontade tive de virar para trás e ir à cidade maravilha!!

mas tal como o carro, que ia em cruise control, eu ia em piloto automático e nem me enganei nenhuma vez. cheguei a Marselha, direitinha ao terminal correto do porto. sem espinhas, mesmo! fiquei orgulhosa de mim. cheguei tal como o previsto, À hora prevista, sem nenhum acidente ou incidente, como tem que ser!

comprar bilhete, esperar na fila de carros para embarcar, trocar de roupa, esperar... mesmo sem cabine, quando entrei no barco desmaiei numa sala com cadeiras tipo esta. não sem antes me despedir

adeus Europa continental. agora vou ser ilhéu!
quando acordei, já se via terra e a primeira ideia que me ocorreu foi: "dasse!! que classe!" montanhas verdes, pequenas casas terracota em frente ao mar, com barcos ancorados à porta...

gostei!
gostei também da maneira como fui recebida pela irmã de uma amiga: de peito aberto com um sorriso! A Anabela, que me recebeu, acolheu, guiou; que me ensina, alerta e explica; conquistou logo uma lugar no canto mais profundo do meu coração. a bondade desinteressada, interessada apenas em servir de incentivo e rede, sempre me comoveu.

as primeiras impressões da ilha foram muitas e díspares. é bonita, é verde, o contacto com a natureza é tanto que até chateia (principalmente no que toca à quantidade de bichos voadores e rastejantes que convivem alegremente com as pessoas, nas quais deixam as suas marcas bem visivéis) e todas as casas são de cores pastel, terra, perfeitamente enquadradas na paisagem, como se se tratassem apenas de mais uma pedra de granito que espreita pelo verde da montanha. sim, a montanha, está sempre presente. a montanha que noutros sítios, como na Suíça, me deixou quase sem ar, enclausurada sem horizonte, aqui faz-me companhia, serve-me de orientação e proporciona-me umas vistas fantásticas do pôr do sol. não me enclausura, porque o mar, esse tal horizonte, está sempre aqui ao lado, sempre mais perto que a montanha.

a meio do primeiro dia, quando andava a ser guiada pelas redondezas tive aquilo a que os locais chamam "ressaca" da viagem. enjoei, vomitei, fiquei com dores de cabeça... bah!! nada de grave, mas ainda assim, embaraçoso!

depois de dois ou três dias nos arrabaldes de Porto Vecchio, a terceira cidade da Córsega (as duas primeiras são as capitais do Norte e Sul, pois claro), lá fui espreitar o centro histórico. encontrei logo uma rua com o nome do filho mais famoso da ilha

e deparei-me com o que parece ser uma vila italiana, tranquila (se conseguirmos ignorar os turistas). daqui, a Córsega parece-me rústica, tão bem tratada como abandonada, deixada ao natural...

como qualquer sítio turístico, Porto Vecchio está repleto de cafés de chame, esplanadas acolhedores e convidativas!
as antigas muralhas também cá estão!
granito, ocre e verde são as cores que dominam toda a paisagem. tanto, que alguns pedaços de montanha parecem tirados de um catálogo do Gerês!

simples e eficaz. eu gosto!

de qualquer parte mais alta se vê facilmente o mar.
que é como quem diz: vai uma pessoa tranquilamente a conduzir e de repente o mar aparece à vista... tenho pena que a máquina (leia-se: telemóvel) não consiga captar a beleza da imagem.

e eis que a meio do post... duty calls!!
mas não quero guardar sem publicar, sob pena de atrasar ainda mais quem me quer ler! eu já volto! tenho que ir ali ao centro e dps... um mergulhinho na praia!!