sexta-feira, fevereiro 13, 2009

um post sobre música

dois apontamentos de fim de semana sobre os sons que tenho ouvido.
no fim de semana passado foi ver os Nouvelle Vague, a Estarreja. Os bilhetes (para a terceira fila) estavam comprados desde Dezembro e confesso que foi com grande excitação que finalmente os vi.

a foto prova que não só os vi como ainda trocámos umas palavras ("tu parles trés bien", disse-me a Melanie) e umas assinaturas. Ok ok, eles assinaram o meu bilhete... eu cá, não assinei nada!
O concerto foi um momento (que durou 2 horas) altamente intimista e bem disposto.

os cantores... deixaram-me apanhada!! O jovem mulato da foto, Geral Toto, de tótó não tem nada. É um cantor incrível, capaz de substituir um percussionista só com os sons bocais e é altamente sexual! Ele abriu o concerto, sozinho, e estabeleceu uma empatia com as pessoas... Não fui só eu que achei, juro! O senhor deixou muita gente de cuequinha molhada, naquela noite! É daquelas pessoas que parece que cheiram a cama... surreal! Só vos digo: Chocolate cake with cream and raspeberry... pela voz dele até salivei!

A Melanie Pain conseguiu render todos à sua doce voz, cheia de pica... até veio para o meio do povo dançar... tirou os sapatos, pôs-se à vontade e toda a gente ficou à vontade. Teve que lutar pelo protagonismo com o Gerald, mas saiu perdedora (pelo menos para mim que sou fêmea heterossexual). Mas eu cá, confesso, que gostava de ir para os copos com a Melanie... tem pinta de traquina, deve ser uma miúda e peras!

e mal o concerto acabou, lá estavam aos beijos e abraços a toda a gente... até tiram fotos com estranhos...

no final de Janeiro vi os Deolinda, na Casa da Música, na Sala Suggia. antes de falar do concerto em si, duas notas sobre a Casa da Música. Como já escrevi aqui: "os arquitectos quando são bons, são mesmo BONS!". E isso nota-se na curvatura da sala gigante. Nós, na fila P (começa a contar A do palco), conseguíamos ver as feições da Bacalhau, ouvir o seu respirar, sem cabeças à frente! Chegamos 5 minutos atrasadas e tivemos que ouvir a boca da gaja que estava a rasgar bilhetes: "Aqui somos muito pontuais!". Até me espumei!! Eu sou pontual!! Sempre!! E logo quando me atraso as coisas começam a horas?? Porra! Disse à gaja (e não menti): "da última vez que vim aqui, esperei quase três horas que o concerto começasse!" E mentalmente acrescentei, no fim: "oh vaca! o cliente tem sempre razão!"

os Deolinda deram um belíssimo espectáculo, com músicas novas que me arrebataram (como a do autocarro entre Alvalade e as Portas de Benfica). Se a Melanie tem pinta de traquina, a Ana Bacalhau é traquina, rufia, marota! Canta fininho e fala grosso, em falsete ou em plenos pulmões! Ali está uma família de talentos (pois, não sei se sabem, mas a Bacalhau é casada com o Leitão do contrabaixo e prima dos dois guitarristas...) Momentos houve em que pensei que o povo ia perder as estribeiras, levantar-se e partir tudo a dançar... mas não aconteceu! No entanto, sentia-se no ar a vontade reprimida!

Gostei particularmente daquilo que já me havia atraído na música deles: o portuguesismo ou a portuguesidade das letras. Os amores sofridos ou reprimidos, o que manda fazer e nada faz, a inveja que corta asas, o fadinho chorado um nadinha acelerado! Gosto muito dos Deolinda porque fazem o português soar bem, fazem o fado ser cantado e escutado a sorrir. Gosto que os Deolinda sejam pessoas bem dispostas e simples, muito simples. Como é que eu sei?? Porque muito antes do concerto, estava eu já na Casa da Música, à espera das minhas companhias, quando uma porta de abre por trás de mim e dela saem 2 raparigas e 3 rapazes. Virei o pescoço e olhei. Revirei o pescoço e continuei na minha cena, até que três segundos depois, me apercebi que aquelas pessoas eram os Deolinda (mais uma miúda aloirada que não faço ideia quem fosse). Voltei a olhar para eles e um guitarrista sorriu. Eu também sorri. Não sei quem sorriu primeiro, mas eu quase que até fiz uma vénia! Foi como que o sorriso dele tivesse dito: "uau! reconheceste-nos!"... foi fixe!

no final, os Deolinda também davam autógrafos e beijinhos. Mas o contacto com o povão era manipulado por um segurança que abria e fechava uma porta. Para chegar a essa porta era preciso percorrer uma longa fila... Mais uma vez mentalmente, cerrei o punho e disse ao povo que estava nessa fila: "Vão sem mim que eu vou lá ter!"

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