prefiro o título em inglês porque é mesmo isso que quero dizer: "processo de ganhar mais idade" e não de envelhecer... isso é uma questão espiritual e não de idade!!!
dito isto, tenho vindo a fazer várias considerações sobre o "aging process", do alto dos meus ainda 26 anos!! e dou por mim a tornar-me uma pessoa diferente do que era. Será a idade, pois claro. mas estarei a envelhecer?? não me parece! cada vez me capacito mais que "envelhecer", ficar velho é uma questão mental, unicamente.
Senão, vejamos: as minhas duas avós têm 80 anos, mas só uma é que é velha!! A uma não posso mostrar a minha tatuagem, devo esconder os mais de 2 brincos que tenho nas orelhas e não posso, no fundo, falar de igual para igual. Às vezes até me sinto esquisita de a tratar por tu.
A outra só tem 80 anos no papel. Continua a trabalhar, todos os dias! E quando lhe disse que os homens e as mulheres se podiam, finalmente, casar uns com os outros ela riu-se. Mas não foi um riso de escárnio nem de falta de compreensão. Foi um riso de anciã, uma gargalhada, bem longa por sinal, de quem já viu de tudo! E mais, disse-me: "oh filha, então se eles não gostam de mulheres porque é que se hão-de casar com mulheres?" Pois não hão-de!! "E onde é que eles vão buscar os meninos?", perguntou-me a seguir. Esta pergunta deixo pó paneleiro do Sócrates responder quando quiser passar a mão no pelo da esquerda novamente!
Com isto tenho pensado imenso. Como é que é possível ter visto deputados da nação a proferirem barbaridades dignas de velhos do restelo, quando alguns deles nem a metade da idade da minha avó têm (estou a falar da avó que não é velha e do João Almeida do CDS/PP, que é tb membro da assembleia municipal da minha terra, apesar de nunca cá ter aparecido!)?? Como é que alguns dos meus amigos, de quem muito gosto, não percebem que amor é amor e pessoas são pessoas?? Como é que duas pessoas da mesma geração, que sobreviveram à guerra, à peste e à fome, que nos criaram e sempre trabalharam, como podem ser esquecidas, maltratadas, desrespeitadas?? dou por mim, não raras vezes, a ter atitudes (não queria dizer paternalistas, mas...) dignas de uma pessoa mais velha do que aquela que eu acho que ainda sou. Mas, se calhar já não sou! do alto dos meus 26 anos mando umas dicas às minhas primitas quando elas mandam vir com a minha avó. Não que eu não pensasse naquilo que as chateia quando tinha a idade delas, claro que sim. Mas nunca fui capaz de o verbalizar, por respeito, e gosto de manter isso assim.
outra coisa que me tem atravessado muito a mente, e que tenho discutido com alguns amigos queridos, é o chamado tête-a-tête. Valorizo cada vez mais este tipo de conversa, em que se põe (mesmo) os sentimentos a nu, em que não me passa pela cabeça o "vou-me arrepender de dizer isto"... Acho que este processo que andar sempre a fazer kms para ver as pessoas, passar horas com uma pessoa só num qualquer balcão a beber Super Bock e não me chatear por ficar em casa numa noite de fim de semana (desde que tenha as duas companhias da oração anterior) se deve claramente ao processo de aging. Começo a dar mais valor às pessoas, às conversas, aos momentos, ao carregar a mochila de beijinhos e abracinhos. Mas, fait atention! Tudo isto vem com menos tolerância para o paleio de puta que não acrescenta nada, menos aptência para a conversa da treta e menos paciência para muita gente! É como se tiovesse mudado um bocado as prioridades. de agora em diante ou me falam a sério, ou de algo interessante, ou de uma novidade ou não estou interessada (como nunca estive, mas mais!).
este post tá um bocado confuso, mas é mais ou menos assim a psiche de uma jovems em processo de aging! Vou ver Rodrigo Leão, vou ver Olga Roriz, já só quero viajar de carro, adoro a roupa da Cortefiel e deixei de pintar o cabelo de vermelho vivo! Mas não largo as minhas sapatilhas, os meus livros de histórias encantadas, toda e qualquer oportunidade de fazer sku! Noto quando as pessoas me tratam por "menina" e denoto quando me chamam "senhora". Exijo respeito dos fedelhos, mas não o espero dos graúdos, dos peixes graúdos. Em frente a esses, aos engravatados que me aparecem pela frente pelos ossos do ofício, continuo uma miúda. Só me levam a sério quando lhe toco nos calos, quando sei mais do que o que me disseram, quando faço perguntas incómodas. Pois anotem: miúda não sou, jornalista sempre quis ser, mas não serei para toda a vida. Cada vez me parece mais que esta é uma profissão que, pelo desgaste e não só, é incompatível com a idade. Com a minha, claro! Mas com ela eu vivo bem, vou vivendo bem. Agora moramos sozinhas!
segunda-feira, janeiro 18, 2010
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3 comentários:
Tem piada que o post que vou escrever agora tinha ver com isso. Não ando com paciência nenhuma para tanta coisa que me pergunto "que caralho..."?
Tem a ver com a idade sim, definitivamente, mas cada um amadurece de diferentes maneiras, há aqules que chegando aos 30 começam a fazer-se rodear de míudos, e por aí fora :)
Grande abraço Lee, quem me dera passar um fim de semana contigo a beber Super Bock e ter tetes a tetes :)
:) Adorei e compreendo-te! eu sou daquelas que aos 30 estou rodeada de miúdos, lolol! E que temos conversas tetes a tees ;)
O aging process tanto é fascinante como frustrante e, acredita jovem, repleto de muitas surpresas :)
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