quarta-feira, setembro 19, 2007

que PRAGA de malucos!!

Ora, aqui a viajante, uma semana depois de ter chegado a Berlim, enfiou-se num autocarro e foi para Praga, República Checa!

E assim começou o meu regresso à Estónia, ou a minha grande aventura de autocarro... dasse!! De Berlim a Praga são 6 horas de distância e eu lá fui ver os miúdos! Quando cheguei à estação do bus, não tinha uma comitiva à minha espera, mas tinha o

apercebi-me cedo que ia andar sozinha, a fazer turismo, em Praga! O Pedro, a Pipa e o Cão são voluntários na capital da checa. E ao contário do que muita gente pensa, os voluntários trabalham!! Ou seja, com o Pedro a trabalhar, a Pipa primeiro a trabalhar, depois ausente no mid-term e o Cão montado na sua nuvem encantada, passei os dias de uma semana sozinha, a vaguear por Praga! Foi do belo, porque me colei a bué de excursões de espanhóis e ingleses para ouvir as explicações sobre o que via. Fui falando com a malta, à noite, entre os copos de cerveja, sobre o que ver e onde ir... o que deu com que me perdesse algumas vezes, mas nada de grave.
No primeiro dia, assim à maluca, mandei-me para a estação de metro onde me parecia ter mais cenas interessants para ver, ou assim me dizia o mapa. E à saída do metro deparo-me logo com isto

que me fez perceber que ia gostar muito de Praga. A visão da ponte mais antiga da cidade e a quantidade de turistas fez-me perceber qe estava no sítio certo! A ponte é fortificada, em ambos lados, com torres (A Torre do Bairro Pequeno, e a Torre da Cidade Velha). Entre as torres, ou seja, ao longo da ponte, há cerca de 30 estátuas de santos, incluíndo o Santo António! Curiosidade que me foi denotada por 3 turistas tugas, meninas do bem, que andavam à procura do santo para sacar umas fotos!

Na praça da cidade velha... muitas das fotos que tenho de Praga tirei-as não sei a quê... e são quase todas ao alto... Como tenho o visor da máquina partido, tenho mais céu que parede, às vezes... enfim
Mas tirei muitas, muitas fotos a casas, edifícios, igrejas, etc. Tudo porque nunca pensei que Praga, tão perto de Berlim, tivesse sobrevivido tão intacta à IIGM. Dos edifícios barrocos, às casa de arte nova, vi muitas praças, cantos e recantos como este

que fascinam qualquer um...

uma igreja, não sei do quê... mas gostei da ousadia dos pináculos das torres que ascendem ao céu. O céu em Praga esteve quase sempre com esta luz manhosa... Pouco sol, mas uma claridade dolorosa, para os meus olhos. Choveu que se fartou, mas não fez muito frio... Sol, que me lembre, só um dia...

só para vos provar que não digo mentiras quanto ao céu... isso e para explicar porque é que em muitos sítios vi Praga descrita como a cidade das mil torres. Eu assim, só de repente, conto 11... Também ouvi dizer que Praga era cidade dourada. E vi muito dourado, sim senhor. Mas quem disse isso numa foi a São Petersburgo num dia de sol... Perigo de cegueira!

À direita o castelo, onde trabalha o Presidente da Répública, mais umas catederais, mais uma ponte (Praga tem bué delas, umas bonitas, outras incríveis, umas normais...) e em último plano a miniatura da Torre Eiffel...

Esta foto foi da minha primeira incursão em Visherad, um monte fortificado da cidade. Adiante já vos digo mais coisas sobre o monte. Para já digo-vos só que esta vista dos telhados de Praga me fez lembrar a vista do meu quarto em Coimbra. Os telhados, o caos, as inclinações. De um outro ponto do monte tive outra visão de Coimbra, deita feita do Paço das Escolas (Via Latina), atrás da estátua do rei, em direcção do fim do rio... E em muitas vielas e personagens, Praga fez-me muito lembrar Coimbra do choupal!

ora aí está! Eu vi bué de esquilos em Praga... e não é que tenha andado muito por parques ou jardins... mas é que eles estão em todo o lado e não me pareceram assim tão medrosos. Até vi um esquilo todo preto, coisa que nunca tinha visto!

este esquilo e esta coruja foram alguns dos animais que vi nos jardins do castelo. Um dia decidi que queria ir lá acima... apanhei um eléctrico manhoso e saí antes dos outros turistas. Dei por mim nuns jardins brutais, muito perto do castelo.

Praga é um mimo!! Andei quase sempre sem mapa... e diga-se que o meu sentido de orientação é quase inexistente, mas nunca me perdi ao ponto de entrar em pânico! Nesta incursão pelo monte que leva ao castelo, tive ainda um guia muito importante: turistas!! À medida que atravessava os jardins, a quantidade de turistas aumentava... "devo estar mesmo perto do castelo"...
E estava mesmo! ao estreitar por uns arbustos

vi a catederal que fica dentro dos perímetros do castelo.
Fiz uma paragenzinha para aliviar a bexiga (no museu não sei do quê) e eis que me deparo com umas torneiras muito fálicas!!

Não curti nada as torneiras, mas deixo aqui o registo para a Cati!
Despois, mais leve, foi só seguir os turistas em direcção à porta do castelo

que me pareceu um bocadinho assustadora, para já não dizer violenta!!!
Bem, o castelo em si, não tem assim nada de especial... é a tal merda: há cenas que vistas ao longe parecem um espectáculo, mas ao perto... o que, ao longe salta à vista é mesmo a catederal do século XIV (o castelo é do século IX)

esta catederal é a maior igreja de todo o país, e digo eu que deve ser o maior edifício gótico-barroco que eu alguma vez vi! Os reis da Boémia estão enterrados lá dentro, assim ao estilo de D.Pedro e D.Inês em Alcobaça. Lá dentro perdi mais de uma hora em pormenores.

das arcadas aos vitrais feitos por artistas modernos (como um de Art Nouveau por Alfons Mucha), a catederal está cheia de pormenores incrívels e tem um órgão de tubos que só de imaginar o som dá arrepios!!
Adiante, ainda dentro do perímetro do castelo há mais umas igrejas e umas cenas catitas, entre elas o museu dos brinquedos

Que os checos são especialistas em brinquedos de madeira, marionetas e afins, eu já sabia. Mas não sabia porquê... agora sei que quando for grande hei-de ir a Praga comprar binquedos para os meus putos. E a dona Pi também lá devia ir, às compras, se quer trabalhar com meninos e meninas...
e do alto da colina do castelo, mais uma vista bem bonita da cidade

Num outro dia meti-me a descobrir mais um monte, desta feita Petrin, perto de casa do Pedro e não muito longe do castelo. Aí vi mais uns esquilos, dei uma voltinha de funicular e vi a bela da Torre Eiffel

é uma torre de observação que tem apenas 60 metros de altura e foi costruída para a exposição do Jubileu (seja lá o que isso for) em 1891. Além desta torre e de mais uns elementos feitos para a mesma exposição, o Parque Petrin tem ainda uma muralha de quase 2 km de comprimento e 4 de altura, conhecida como a Muralha da Fome... reza a lenda que o rei (algures no século XIV) a mandou construir para dar trabalho e comida aos desvalidos da cidade. De um dos pontos mais altos da muralha tem-se mais uma vista incrível para o castelo

o Parque tem ainda duas ou três igrejas, das quais a minha preferida foi esta

toda feita em madeira e trazida, nos anos 20 do século com o mesmo número, de uma aldeia na Ucrânia. Não sei mais sobre a igreja, a não ser que de chama igreja de São Miguel e que a região da Ucrânia de onde foi trazida tem as mesmas cores na bandeira que a República Checa e situa-se a sudeste dos montes Cárpatos...
Ainda, no mesmo parque, mas já no sopé, em frente da rua com o maior número de bares visitados por mim =) está o memorial às víctimas do comunismo.


Este memorial tomou-me algum tempo de reflexão, ajudada pelas palavras do Gonçalo: "Nós nunca vivemos sob um regime comunista", por isso claro que temos uma visão muito diferente (talvez idílica) do que o comunismo significa ou significou. Junto às estátuas há uma placa que diz (em inglês e checo): "O memorial às victímas do comunismo é dedicado a todas as víctimas. Não apenas àqueles que foram presos ou executados, mas também àqueles, cujas vidas foram arruinadas pelo despotismo totalitário." Ora, toma lá e embrulha! Para a próxima vez que pensares que és ou foste comunista ou simpatizante, lembra-te destas palavras!
De volta às minhas voltas pela cidade, tirei um dia para apreciar casas e os seus pormenores. Comecei pelo bairro judeu, onde queria ver o antigo cemitério, mas o preço era um bocado exorbitante... Mas as sinagogas e as casas, são altamente... lá perto

os pormenores de arte nova de certas casas impressionaram-me. E impressionou-me também esta casa cubista

que alberga o museu deste tipo de arte. Eu nunca tinha visto nada tão quadrado... aliás nem sabia que este tipo de arquitectura tinha ganho adeptos em alguma parte do mundo!
parece-me mais normal e frequente ver este tipo de coisa

se bem, que não me diz tanto como a anterior...
Independentemente do que me toca ou não, Praga chamou-me a atenção pela quantidade estúpida de pormenores espalhados por todo o lado

desde este senhor (que não faço ideia de quem seja ou porque esteja ali... se alguém souber, que me conte, por favor!!), às gravuras nas casas, à estátua de uma menina sentada, no topo da universidade, às esculturas dos ofícios dos antigos donos de várias casas (como sendo peixeiros, ferreiros, vendedores de penas de ganso...)... Praga deve ser daquelas cidades em que vale a pena apostar várias vezes. Isto é, acho que vale a pena visitar a cidade mais que uma vez, porque certamente que se descobrirão coisas novas, pequenas e bonitas a cada visita, em cada esquina!
outro pormenor de andar sozinha em Praga...

esta é a única foto que tenho da minha bela tromba... a única prova que estive lá! Foi tirada pela Theresa dos cabelos ruivos! (é só um aparte...)
e de volta à arquitectura...

é daquelas cenas que não sei se goste ou se não goste! o prédio é catita, mas no meio da paisagem circundante é uma aberração! Chama-se Fred and Ginger (Fred Astaire e Ginger Rogers) porque é suposto lembrar um casal de dançarinos. E por isso é conhecida como Dancing house. Os arquitectos são um checo nascido na croácia e um canadiano nascido no Canadá (Vlado Milunić e Frank Gehry, respectivamente) preencheram um espaço, junto ao rio, que as bombas de 1945 deixaram livre. O edifício de 1996 não combina lá muito bem com as fachadas da rua que se pautam em estilo Neo-Barroco, Neo-Gótico e de Arte Nova... Senão vejamos

que vos parece? mas se calhar é exactamente pelo contraste, do velho com o novo, no branco com o cinza... se calhar é isso que faz da casa dançante essa coisa tão fofa!!
Mais adiante, na mesma rua, mais um belo postal do castelo e da tal ponte das mil estátuas!

No meu último dia em Praga voltei ao monte de Visehrad. Diz-se que foi ali que uma princesa teve a visão premonitória que se iria concretizar na edificação de Praga. O facto é que além das fortificações, umas ruínas, umas estátuas e umas rotundas... neste monte fica a bela da igreja de São Pedro e São Paulo

E o cemitério onde estão enterrados os checos mais famosos de todos os tempos. É a última morada do compositor Antonín Dvořák, do Nobel Jaroslav Heyrovský, do artista Alfons Mucha e do escritor Jan Neruda. Dados as inúmeras campas de músicos, escultores, actores, pintores, escritores, etc, o cemitério de Vyšehrad tem esculturas e pinturas incríveis a cada esquina

e foi assim, a minha vida em Praga... o que vi e o que não vi! Mas do que mais gostei foi das pessoas. Não dos checos... que os poucos que conheci tinham uma pinta de malucos... mas dos tugas que fui ver e do tuga que vi como bónus! Fui ver o Pedro, a Pipa e o Cão, não necessariamente por esta ordem, nem com a mesma urgência. O Cão e a sua nuvem encatada, vi-os poucas vezes... A Pipa, a meio da minha estadia foi recambiada para o mid-term, o que não me deu o tempo que gostaria de ter passado com ela. Mas tive o tempo suficiente para ver o projecto dela, que me pareceu super interessante. É um trabalho de escritório numa associação ambiental que está sediada numa quinta ecológica, a uma hora do centro de Praga. O trabalho de escritório suponho que seja igual em todo o tipo de office, em todo o lugar do mundo: uma seca fodida!! (mesmo que se trate de trabalhar para um objectivo bom e bonito ou se fazer uma cena que a malta curte...) Mas a quinta é que me pareceu muito bem. Nos subúrbios, permite a muitas criancinhas estudar na escola que integra (logo, com um programa escolar de vertente eco-ambiental). Tem uma área considerável (que é aquela palavra bonita que se usa quando não se sabe quantificar algo!) animaizinhos, plantações de uma certa erva (para fazer tecidos, claro!), um pântano, um hostel... bem, parece-me então que há uma quantidade de coisas que se podem fazer ali! Pronto e parece-me bem, porque além da escola e dos vários escritórios de organizções ali sediadas, a quinta alberga uns quantos voluntários, uma sauna suada e uns festivals de folk (que eu bem vi!). Fiquei feliz por saber que a Pipa está num sítio que na Primavera e no Verão deve ser muito bonito!
E o shôr Pedro, que também trabalha num office, mas no centro da cidade lá deu umas voltas comigo na cidade, especialmente à noite, lá tratou de arranjar uns birls e proporcionar-me umas belas "discusões" num português vernáculo! É verdade, nós curtimos aqueles arranca-rabos que não fazem mal a ninguém. E quem lê estes blogs (este e o tuganacheca) já se apercebeu disso e de que a malta, apesar dos palavrões, curte-se!
Foram estas três almas que me fizeram ir a Praga. Mas, no segundo dia diz-me o Pedro: "Já estive com o Gonçalo"... e até me caiu tudo. Eu sabia que ele ia para a Checa fazer ERASMUS, mas não sabia que ia na mesma altura em que eu lá estava e muito menos que nos íamos encontrar! Foi uma agradável surpresa! E antes que desse conta estávamos os 4 (eu, a Pipa, o Cão e o Gonçalo), num qualquer bar, a beber uns finos, e a discutir política e filmes e livros e merdas, tal como se estivéssemos em Coimbra! Claro que não estávamos sozinhos. O Pedro e os amigos também lá estavam, mas acho que acabámos por espantar toda a gente. Estávamos os 4 a um canto, a falar em português sobre dúzias de pessoas que mais ninguém ali conhecia e acabámos por ficar sozinhos... Lá se foram todos embora e nós ficámos, como se estivessemos no 48, na Rosete, no Tropical, no Gil Vicente, nos jardins da AAC... Foi talvez o melhor momento das minhas férias! Claro que faltou ali muita gente, que faz parte dos cenários acima referidos, mas, para mim, foi suficiente para me sentir em casa, para sentir o abraço quente de voltar a casa!
E pronto houve ainda a noite da bacalhoada, em que a malta demolhou e cozinhou bacalhau à Gomes de Sá enquanto o diabo esfrega um olho, para delícia dos convivas!Esses convivas eram outros voluntários, o que me leva a partilhar algumas reflexões convosco. Esta semana em Praga serviu também para eu medir o tipo de relacionamento entre voluntários em distintos pontos da Europa. Tomei como referência a malta em Praga e a malta (que já foi embora, mais eu e o Thomas) em Tallinn. E só confirmei aquilo que já há muito me tinha apercebido: o meu grupo de amigos em Tallinn era uma máquina!! Em Tallinn, posso dizer que tínhamos uma verdadeira equipa, de trabalho, diversão e cozinha. Uma turma que andava sempre junta, com alto espírito de iniciativa! e que saudades tenho dessa equipa! Em Praga, vi grupos pequenos de voluntários, alguns ex-voluntários que vivem no país, com vidas muito independentes. Não que isso seja mau, claro que não. Mas... não sei... uma cena que curti nos voluntários em Praga é que têm mais amigos checos do que nós estonianos. E falam checo entre voluntários, ou pelo menos tentam! Tiro-lhes o chapéu, sinceramente!
é assim... gostei muito de Praga, da cidade em si e de rever os amigos. De lá queria seguir para Vilnius, mas os bus estavam todos cheios... então meti-me num que, dez horas depois, me deixou em Varsóvia... cenas do próximo episódio já a seguir...

2 comentários:

Mexicano em Praga disse...

O shor Pedro trabalha numa organizacao para jovens, sobretudo criancas, cuja actividade passa sobretudo por coordenar 94 grupos locais, espalhados pela R. Checa, alem de receber e enviar voluntarios, que e exactamente o que faco la, mando voluntarios com o caralho, e faco putos rir nas activides(na ultima estavam so 300)!
E a vida e bela...
Foi muito bom ter-te ca, foda-se!

Mexicano em Praga disse...

Ah e a Theresa dos cabelos ruivos e lindaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
E minha :P