Depois do Festival de Folk, tive a minha primeira semana de Férias, mas que conta como horas de trabalho... o que é assim: espantífico!! À chegada ao país de acolhimento temos o chamado "On arrival trainning course" e mais ou menos a meio o "mid term". Então, lá nos levaram 6 voluntários (3 franceses, eu, um alemão e uma sueca) para o meio do nada, para passarmos uma semaninha de relax. Eu não sei se os outros voluntários, noutros países têm tanta sorte como quem vem para a Estónia... É que aqui fazem o favor de nos levarem sempre para lugares lindos, hotéis de muitas estrelas, comida da melhor, saunas e torto e a direito e pelo menos um dia de actividades de lazer, em eu é mais trabalhar com o corpo do que com a mente. No on arrival, este dia não foi muito de lazer... Começou com uma caminhada pela floresta, durante quase 5 horas, à noite, uns menos 10 ou 15 graus, com neve pelos joelhos e escuro como breu e bem pertinho do mar e da nortada gelada! Mas é para fomentar o espírito de equipa e tal e tal... e a malta lá sobrevive, porque a bem dizer não tínhamos outra hipótese! no Mid term... bem, já vos conto o dia de lazer, deixem-me só fazer um (grande) parênteses.
O Festival de Folk só acabava no domingo à noite, ou na segunda para os sobreviventes da after party. Para irmos para o nosso mid term tínhamos que estar à uma da tarde na Estação de autocarros da cidade onde decorreu o festival. Tudo óptimo, não houvesse 3 pessoas a bazarem na segunda de manha, de Tallinn. Nem sequer é justo dizer "três pessoas", parecendo que todas representam o mesmo para mim, quando isso não é verdade! De manhã cedo foi o Emrah, o turco com a mania dos domínios e dos programas megalómanos. Este sozinho não me fazia ir ao aeroporto nem que estivesse lá perto e sem nada para fazer... A meio da tarde foi a Doro, alemã, novinha, mas (provavelmente) a mais madura de todos os voluntários que conheci! Passei poucos, mas bons momentos com ela. Dotada de uma inteligência rara e de um sentido de humor impressionante, ela sim, tem um plano. Vai estudar medicina, ingressar pelo ramo da tropical e voltar a ser voluntária onde mais for precisa! Mas, estivemos juntas no Festival, não iria a Tallinn de propósito se não fosse pela Lena, ucraniana, que foi embora ao fim da manhã. Ainda bem que me despedi dela na noite anterior e não a vi entrar para o autocarro e desaparecer mesmo enfrente dos meus olhos. Poupou-me uma grande choradeira, um dia triste como o caralho e uma dor de cabeça à noite! A Lena foi das pessoas com quem mais aprendi aqui. Aprendi a fazer panquecas diferentes dos crepes franceses, aprendi umas boas lições em russo, aprendi que mesmo quem não tem salero pode aprender capoeira e berimbau... Aprendi a dar, se esperar nada em troca e a surpreender-me quando esse algo acontece. Aprendi que às pessoas hiperactivas não basta dizer: "não faças, não comas, não treines", tens que fazer e comer e treinar antes delas. Aprendi a relaxar e não tripar com quem não pára quieto quando eu quero aterrar ou quando já fez de mais na mesma sala onde há quem nada tenha feito. Não vou escrever muito mais sobre ela porque começo a ficar lamechas... Digo-vos só que ela se candidatou a um visto de trabalho na Estónia para puder continuar a trabalhar no seu projecto (Living for Tomorrow - AIDS prevention centre), e que os voos de Tallinn para Kiev são estupidamente baratos... so, who knows? pode ser que nos encontremos mais cedo do que seria de prever!
Então no domingo do festival levantei-me cedinho e fiz-me à estrada com o belga poliglota, que faz anos a 29 de Fevereiro, para mais uma aventura à boleia! Uma hora depois de termos esticado o dedo há um gajo que nos leva até meio do caminho que é como quem diz até meio do nada, a 80 km de Tallinn. Começa a chover assim que saimos do carro... uma hora e meia depois já nos tínhamos rendido às evidências e decidimos apanhar um autocarro. Mas o primeiro que parou ia tão cheio que não nos levou... e dez minutos depois aconteceu o mesmo! Ao cansaço e à ressaca juntam-se a frustração e o frio e como podem imaginar o meu humor não era o melhor... Mas antes que parasse o terceiro autocarro (quiçá cheio como um ovo) eis que um tunning nos dá boleia, no seu golf todo quitado! E pronto, jantarada com o pessoal, copos sem brindes, tristes festas de despedida!
Na segunda de manhã lá fui, com o Thomas, de volta para Viljandi, onde um autocarro nos esperava para nos levar para Kopra Talu, em Sooma que é como quem diz, na zona pantanosa do Sul da Estónia. Cerca de 50 por cento do território estoniano é floresta e mais de 20 por cento é composto por pântanos ou lodaçais... pois, claro que neste país há menos de milhão e meio de pessoas!!! Nesta área do Sul há umas centenas de ursos, milhares de alces e de castores e mais cegonhas do que eu alguma vez vi! Isto para não falar em linces, lobos e veados... que aqui há a dar com um pau! Sim, linces, o mesmo tipo de gato que está em vias de extinção em vários pontos do mundo... aqui é permitido caçá-los porque ainda há muitos! Claro que isto é o que nos dizem porque os únicos animais que eu vi foram mosquitos, melgas e peixinho dourados...
O complexo hoteleiro onde ficámos era muito à frente, sendo a casa principal de há uns século atrás, arquitectura estoniana, lareira aberta para puder meter troncos inteiros a a partir do exterior. A casa de madeira tem um sistema muito marado que permite acrescentar grandes troncos de madeira no interior, para tornar o tecto mais baixo, logo menos espaço para aquecer. Em invernos rigorosos além da família partilhar o espaço principal da casa com os animais (eles mesmos uma fonte de calor), podia baixar-se o tecto até ao limiar suportável... Eu já vos disse que a chaminé era tão pequena que a casa por dentro é preta?
a sala de jantar...
Como foi uma casa de caçadores durante não sei quantas gerações há animais embalsamados e peles por todo o lado... agora deixo-vos apenas com a foto do interior, mas o que eu quero publicar são as do exterior... até já
quarta-feira, agosto 22, 2007
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2 comentários:
Cara miss lee,
Todas as pessoas são importantes em nossas vidas, por vários motivos (sim, mesmo os menos agradáveis), mas umas acabam por se tornar mais importantes que outras.
E, depois, existem aquelas que nos ensinam tanto e por quem nutrimos desde logo tanto carinho que até parece impossível que, no mundo actual, elas existam e estejam ali, tão perto de nós.
São pessoas como a S. amiga Lena, que tão bem descreveu neste post, que fazem desta vida um lugar mais aprazível e tornam os que estão em seu redor um bocadinho mais felizes a cada segundo que passa.
Dar sem esperar nada em troca e verificar, com espanto, o resultado dessa acção é uma das sete maravilhas do mundo, acredite-me porque sei o que escrevo (pese embora a cardina). E lá está o número sete, tão do S. agrado, neste comentário!
Já leu o livro Favores em Cadeia? Ou viu o filme?
O espírito da coisa é quase o mesmo e se não leu ou viu, se um dia o fizer vai ver que a vida do dia-a-dia pode trazer-nos a todos muito mais que as inevitáveis tristezas.
E viver é, sobretudo, aprender a viver!
Quanto ao resto, grande aventura, sim senhora! Até lhe digo mais, se algum dia avistar um lince na Serra da Malcata tenho de arranjar maneira de o avisar a não ir visitar a família para esses lados, porque se arrisca a levar chumbo do grosso!
Cumprimentos vínicos.
Hic Hic Hurra
Nota - Por acaso não guardou um bocadinho do gelo da caminhada nocturna para eu colocar aqui no whisky, não?
Que longo parentesis!!!!! :P
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