quinta-feira, abril 26, 2007

Moscovo V (o ultimo dia)

Acordámos mais ou menos cedo e não-sei-quantos duches depois lá nos fizemos à estada, ou ao metro, melhor dizendo. Voltámos à Praça Vermelha, queríamos ver o Lenine, ao vivo e a cores. Se bem que é mais morto e a vermelho. O mausoléu só está aberto de manhã e a estrada para a Praça Vermelha fica fechada! Há mais polícias que turistas por metro quadrado… surreal! Fila, face control, malas postas num depósito, zero de máquinas fotográficas, detector de metais e mais um controlo policial… dois a dois, finalmente lá entramos no mausoléu. Dois polícias à estrada, mais sérios e quietos que os do palácio de Buckingam! Descemos vários lances de escadas. Em todos os patamares um polícia! A luz do mausoléu é vermelha e escura. É assustador… descer escadas na penumbra e deparar-se com um gajo fardado com cara de mau… Chegádos ao fim das escadas, lá estava ele “Dieduska Lenine”. Deitado numa bela cama vermelha, dentro de uma redoma de vidro, enfeitada com símbolos comunas na base. Entra-se pela direita do avô, controrna-se pelos pés e sai-se. Tão rápido como escrever esta frase! Há quatro polícias (um em cada canto da sala quadrada) que não deixam os visitantes pararem a romaria ou chegarem-se perto do centro, onde está o corpo. Mas os meus olhos treinados tiveram tempo suficiente para ver e pensar. Se é verdadeiramente o corpo de Lenine não está tão bem conservado como seria de esperar (o Kremlin garante que a manutenção do corpo é uma das maiores despesas do Estado). Não percebo nada de corpos embalsamados ou conservados através de qualquer outra táctica. Mas o cabelo, a barba e as unhas não me pareceram muito reais.
Se é um boneco está incrivelmente bem feito, à imagem e semelhança de todas as figuras de Lenine que vi pela cidade. É a mesma cara sisuda, de expressões vincadas, com ar pensativo que se vê nos murais e nas estátuas. Nunca na minha vida eu pensei visitar este mausoléu! Nunca pensei em qual seria o verdadeiro aspecto de Lenine, mas o que vi deitado na cama vermelha deu-me uma ideia bem nítida de como for a o homem em vida! Parecia real, a tirar um bela soneca após almoço!
As nossas opiniões dividem-se quando caminhamos para a saída e discutimos, já cá fora. “É mesmo ele?” “Uma múmia?” “Um boneco?” “Viste as unhas?” “Reparaste nos sapatos?” “As mãos pareciam de cera!” “Que grande testa tinha o homem…” o pedaço idealista de mim quer acreditar que vi mesmo o verdadeiro Lenine. Mas todo o aparato em volta, a falta de luz, o exagero de polícias, a rapidez da visita, o facto de a saída não permitir uma nova entrada… tudo isso me faz pensar que o Kremlin não quer que eu saiba que “aquilo” é um boneco… Whatever!!
À saída do mausoléu visitamos as campas dos russos famosos, na parede do Kremlin. Reconheço alguns poetas, figuras da história política, desportistas. Todos o nome, as datas, uma cabeça em alto relevo de mármore e cravos vermelhos… de plástico!!! Sim porque se todo o guito vai para o avô, os netos recebem cravos de plástico!!! Até me estiquei! Mais valia não ter flores nenhumas a ter cravos de plástico, desbotados pela neve! Só Juri Gagarin e Joseph Stalin tinham cravos e rosas de verdade e de várias cores! Foi a primeira e última imagem de Stalin que vi na Rússia.
Quando saímos da Praça deparámo-nos com uma manifestação comunista, eu diria mesmo ortodoxa!


os manifestantes eram menos de 3 dezenas, mas os polícias… impossível contá-los! Eu não estava a perceber o porque de tanto aparato. Camiões, exército, cães, coletes anti-bala, gajos grandes… Mas Alina logo me explicou que o aparato não era pa esta manifestação. “They are not here for the communists, but for the nationalists!”. Estava marcada para essa tarde uma marcha de nacionalistas por uma das maiores avenidas de Moscovo. Polícia em todas as esquinas da avenida. Quando cheámos a um certo ponto não nos deixaram passar porque não era seguro. Enquanto conferenciávamos um polícia pediu-nos que continuássemos a andar, sem parar, para longe dali… Digamos que não me senti lá muito confortável! Mas a verdade é que não vimos manifestação nenhuma. Soubémos no dia seguinte que se registaram confrontos entre nacionalistas e a polícia em vários pontos da cidade e que dezenas de manifestantes foram presos…

Tratámos de sair dali e fomos ter com a Julka que estava bué atrasada para apanhar o comboio para a sua cidade natal – Samara. É tão longe de Moscovo como Tallinn, 16 oras de comboio, uns 1000 km… Toca de correr outra vez pela cidade, pela estação de comboios e all the way até à última carruagem… foi o início do fim da estadia em Moscovo!

3 comentários:

Bottled (em português, Botelho) disse...

Cara miss lee,

Fantásticas fotos e igualmente boa descrição dessa ida à Rússia.

Já vi que foi divertida a viagem, e isso é que interessa.

Cumprimentos da aldeia.

Hic Hic Hurra

PS - Não pense que não notamos a falta dos S. prezados comentários lá na Village do People (que é bem diferente dos Village People, por favor não confundir). Está de candeias às avessas com o pessoal? Prometo que nunca-mais-até-à-próxima-vez faço versinhos à Svetlana, essa maluca!!!!

Bottled (em português, Botelho) disse...

Cara miss lee,

Partindo do pressuposto que estará tudo bem consigo, aproveito para lhe perguntar se me pode dar informações mais precisas da situação que se vive na Estónia por causa da retirada da estátua do soldado russo.

É que, caramba, nunca pensei que poderia ter a possibilidade de saber notícias destas, de acontecimentos ocorridos tão longe, pelo punho de alguém que já faz parte da "mobília" da aldeia.

A situação está tão complicada como os noticiários de hoje fizeram saber?

Hic Hic Hurra

Lampimampi disse...

ai, estes voluntarios EVS trabalham tantinho...
deves tar cheia de calos nas maos de tanto trabuquir!
=P